ATA DA OCTOGÉSIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LE­GISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLAUTRA, EM 25.6.1992.

 


Aos vinte e cinco dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa e dois reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Octogésima Quinta Sessão Ordinária da Quarta Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas cópias da Ata da Octogésima Quarta Sessão Ordinária, que deixou de ser votada face a inexistência de “quorum” deliberativo. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Vicente Dutra, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Vieira da Cunha, 01 Pedido de Informações; pelo Vereador Wilson Santos, 01 Pedido de Informações e 03 Pedidos de Providências; pelo Vereador Wilton Araújo, 08 Pedidos de Providências e 01 Projeto de Resolução nº 38/92 (Processo nº 1479/92) . Do EXPEDIENTE constaram os Ofícios nºs 9/92, da Câmara Municipal de Bauru e 298/92, do Prefeito Municipal. A seguir, o Senhor Presidente deferiu solicitação de cópia do Veto Total aposto do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 14/91 aos Vereadores Isaac Ainhorn e Omar Ferri. Em continuidade, o Senhor Presidente comunicou que o Período de Comunicações da presente Sessão seria destinado a homenagear a passagem dos cento e vinte anos da Companhia Carris Portoalegrense, a Requerimento, aprovado, do Vereador Dilamar Machado registrando a presença da Senhora Ruth D’Agostini, Diretora Presidente dessa Empresa. na Mesa dos trabalhos. Em prosseguimento o Senhor Presidente, proponente da homenagem, re­feriu-se sobre o evento, historiando as atividades da Compa­nhia Carris Portoalegrense. Falou sobre o início da atuação dessa Empresa nos serviços de transporte coletivo em Porto Alegre. E, ainda, cumprimentou os funcionários e diretores pelas lutas empreendidas em prol da atuação dessa Empresa. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam e nome da Casa. O Vereador João Motta, em nome da Bancada do PT, referiu-se sobre a homenagem hoje prestada pela Casa, discorrendo sobre o cento e vinte anos de prestação de serviços públicos pela Carris. Registrou crítica feita por Vereador desta Casa a mencionada Empresa, a respeito de homenagem prestada pela mesma a seus funcionários, dizendo ser uma tradição esse tipo de solenidade que a Companhia Carris Portoalegrense presta a seus colaboradores. O Vereador Cyro Martini, em nome da Bancada do PDT, discorreu sobre o evento hoje ocorrido neste Legislativo, consignando o orgulho que sua Bancada tem pela Companhia Carris Portoalegrense. Historiou a extinção do bonde em Porto Alegre, dizendo que o mesmo fora atirado a beira do caminho. Prestou seu reconhecimento pelos bons serviços prestado pela Empresa à comunidade. O Vereador João Dib, em nome das Bancadas do PDS e PTB, falou sobre sua vida pública, reportando-se acerca de sua participação na Companhia Carris Protoalegrense, Disse que apesar de opositor, sempre este presente nas assembléias dos trensviários e manteve bom relacionamento com essa Empresa. Teceu comentários acerca das atividades dessa Empresa em benefício de Porto Alegre, discordando do posicionamento feito no livro “Cento e vinte anos da Carris” o qual não historia a trajetória luminosa que antecedeu a atual Administração Municipal. O Vereador Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PPS, teceu comentários sobre a Companhia Carris Portoalegrense, dizendo que tem respeito e orgulho quando fala dessa Empresa. Disse, ainda, que a Carris é o símbolo do transporte coletivo desta Cidade e que não se trata de uma entidade abstrata, porque ela se materializa a cada momento que se renova. Comentou sobre as atividades da Carris, afirmando que a mesma deve ser uma empresa norteadora dos serviços de transportes coletivos. Falou, também sobre o livro “Cento e vinte anos da Carris” o qual foi escri­to em tempo muito curto. O Vereador Gert Schinke, em nome da Bancada do PV, teceu comentários sobre a homenagem, hoje, presta­da pela Casa, dizendo que os cento e vinte anos de atuação da Companhia Carris Portoalegrense se confundem com a história de Porto Alegre, porque essa Empresa está sempre em luta por melhor qualidade de vida da população porto-alegrense. Falou, também, sobre a permanência dos bondes em Porto Alegre, discorrendo acerca da evolução do transporte coletivo. Solidarizou-se com a Direção e Funcionários dessa Empresa pelos méritos ao longo dos anos. A seguir, o senhor Presidente concedeu a palavra a Senhora Ruth D’Agostini que agradeceu a homenagem prestada pela Casa, falando sobre a história da Companhia Carris Portoalegrense em prol da comunidade porto-alegrense. Em continuidade, o Senhor Presidente respondeu Questão de Ordem do Vereador João Dib sobre pronunciamento feito pela Diretora-Presidente da Companhia Carris Portoalegrense. Às quinze horas e vinte e três mi­nutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente decla­rou encerrados os trabalhos, convidando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Dilamar Machado e Omar Ferri e secretariados pelos Vereadores Omar Ferri e Clóvis Ilgenfritz. Do que eu, Clóvis Ilgenfritz, 3º Secretário, determinei fosse lavrada a pre­sente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Se­nhores presidente e 1º Secretário.

 

 


O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Observando o expediente nos ofícios consta um encaminhamento de Veto Total ao PLCL 14/91, do Sr. Prefeito Municipal, que Veta este projeto totalmente, que dispõe sobre incentivo fiscal para realização de Projetos culturais no âmbito do Município de Porto Alegre. Gostaria de requerer à Mesa que autorizasse o fornecimento de uma cópia deste Veto.

 

O SR. PRESIDENTE (Dilamar Machado): Está autorizado, Vereador, a Diretoria Legislativa providenciará em seguida.

 

O SR. OMAR FERRI (Questão de Ordem): Sr. Presidente, da mesma forma este Vereador requer também cópia deste Veto.

 

O SR. PRESIDENTE: Da mesma forma V. Exª receberá cópia.

 

O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, neste momento passamos à solenidade da Sessão que, por Requerimento do próprio Vereador Presidente da Casa, se destina a homenagear a passagem dos 120 anos da Cia. Carris Porto-alegrense. Requerimento que teve aprovação unânime dos Vereadores que compõem a nossa Câmara Municipal e para nossa honra e satisfação nos visita a Diretora-Presidente da Carris, Dra. Ruth D’Agostini, e também já me referi e refiro novamente a honra de ter, em nosso Plenário, a visita de companheiros trabalhadores da Cia. Carris Porto-alegrense. Eu, particularmente, procurei com esta singela homenagem na Câmara Municipal dizer inicialmente do respeito que os Vereadores de Porto Alegre tem pela Carris, pela história, e pelo momento atual da Cia. Carris Porto-alegrense, que, indiscutivelmente, é um fator de equilíbrio no sistema de transporte coletivo de Porto Alegre, detendo apreciável percentual do transporte de passageiro. E no processo que tem seqüência na atual administração da Dra. Ruth D’Agostini, já vem sendo tratado, há alguns anos na Carris, da manutenção, da recuperação de sua frota e de melhoria de condições de trabalho para os seus servidores. Quero homenagear a história da Companhia que, há 120 anos atrás, começou a servir a população de Porto alegre, a partir dos seus primeiros transportes, que eu não sei se algum Vereador lembra, provavelmente não, mas devem ter lido, de bonde puxado a burro. O Ver. Omar Ferri se lembra? Não. E, depois, tivemos nós, todos os cinqüentões de hoje, tivemos na nossa adolescência a presença do bonde, eu lembro, quando vim do interior em 1950, era praticamente o único transporte coletivo da cidade, não havia linha de ônibus, havia isso sim, o Ver. Dib lembra, as lotações que eram carros importados, Lincol, Blique, e o bonde como um meio de transporte que marcou toda uma geração, década de 40, década de 50, até a sua extinção, como sistema de transporte coletivo, suas linhas que acabaram virando ponto de referência na cidade e os seus trabalhadores. Gostaria de, ao falar aos trabalhadores da Carris, prestar a minha homenagem a um que foi símbolo nas primeiras lutas reivindicatórias depois da redemocratização deste País, após o período da ditadura do Presidente Getúlio Vargas, eu me lembro que surgiu, no âmbito de tantas e tantas lideranças, o Bolinha, Antônio Judice, que foi inclusive Vereador desta Casa, e durante muito tempo representou a luta dos seus companheiros trabalhadores da Cia. Carris Porto-alegrense. Hoje uma empresa sólida, que merece a confiança, o respeito da população. E, por isto, a nossa homenagem, Dra. Ruth D’Agostini, homenagem sincera, fraterna dos seus companheiros Vereadores, independente de Bancadas, que fizeram questão de convidá-la para receber esta homenagem pelo bem que a Carris faz a Porto Alegre, pelo respeito que o povo da Cidade tem pela Instituição e, particularmente, pelos funcionários.

Gostaria de deixar aos companheiros da Carris, já expliquei pessoalmente à Diretora Presidente, o meu pedido de escusas por ter que, momentaneamente, me retirar da Sessão. Mas podem crer que não é uma descortesia, é exclusivamente obrigação do cargo que ocupo na Casa.

Nós temos Vereadores inscritos para falar, Ver. João Motta, Ver. João Dib, Ver. Lauro Hagemann, Ver. Cyro Martini, na seqüência, no final falará em nome da Bancada do PDT. O Ver. João Motta, Líder do PT, ocupará a Tribuna para saudar a nossa homenageada, Cia. Carris, na pessoa de sua Diretora, Dra. Ruth D’Agostini.

Passo o comando da Sessão ao Companheiro Omar Ferri.

 

O SR. PRESIDENTE (Omar Ferri): Passo a palavra ao Ver. João Motta.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Exmo. Sr. Ver. Omar Ferri, presidindo esta Sessão; Exma. Sra. Diretora da Empresa Carris, Dra. Ruth D’Agostini; demais membros da Direção da Empresa; Funcionários; Srs. Vereadores.

Nestes 120 anos existe uma publicação que retrata bem esta história, que poderia receber várias leituras e várias interpretações. Prefiro sintetizar estes 120 anos em 3 momentos diferentes, mas que compõem, sem dúvida nenhuma, este cotidiano vivido na cidade de Porto Alegre, por todos nós. São 120 anos de trabalho, de mobilização, da prestação de serviço público. São 120 anos de um trabalho onde gerações se sucedem, onde funções e definições se modificam , do motorneiro do bonde ao motorista do ônibus; do bonde ao ônibus; Enfim, poderíamos citar vários exemplos: do jovem cobrador ou motorista, àquele funcionário aposentado. Poderia usar vários exemplos que sintetizam os vários exemplos. E esse exercício, que tem orgulhado a empresa, é orgulho de todos nós, ou seja, a garantia de que a prestação de um trabalho diário, feito por milhares de pessoas, naquela empresa, garantem, de fato, esse requisito e diria esta virtude ao se relembrar estes 120 anos.

É sem dúvida, uma história da Cia. Carris construída por um trabalho digno, enfim, que é merecedor do nosso registro nesta oportunidade. De mobilização, também, na medida que tivemos nestes 120 anos mobilizações, e, certamente, não está encerrado este ciclo, mobilizações quanto à pressão econômica e os interesses internacionais. Mobilização constante no sentido de democratizar cada vez mais a gestão da própria empresa. Mobilização no sentido de evitar que a empresa se transforme, pura e simplesmente, num apêndice de um ou de outro partido que se sucede na administração pública no Município de Porto Alegre. Portanto, também por este aspecto, nós poderíamos registrar, como sendo também digno de ser registrado, este aspecto e esta característica destes 120 anos. Sempre foi uma empresa cuja mobilização de todos esteve presente. A prestação do serviço público também poderia ser relembrado e com uma diferença fundamental: em meio a uma crise estrutural do atual modelo econômico, que submete de uma forma perversa, muitas vezes, o serviço público aos interesses cartoriais e corporativos, gerir uma empresa e prestar um serviço público, hoje, sem dúvida nenhuma, no sentido de não só viabilizar a empresa, mas ampliar cada vez mais os seus serviços como ocorre na Carris este ano e como ocorre atualmente. Também parece que é digno de se registrar, nestes 120 anos, esta outra característica dessa história, ou seja, a boa administração de um serviço público. A transparência na gestão da empresa, nós poderíamos exemplificar, e nada mais justo, nada mais oportuno que se relembre aqui uma polêmica que vem passando na Câmara Municipal de Porto Alegre, a comemoração dos 120 anos, feita através de um almoço, nestes últimos dias, e que mereceu, por parte dos Vereadores, especificamente de um Vereador, nesta Casa, o não reconhecimento de que esta comemoração se faz a cada ano, mas mereceu uma crítica injusta à Direção da empresa e, indiretamente, a todos os funcionários, com o qual gostaria de demarcar neste momento. E dizer que as Lideranças estão recebendo como eu recebi há poucos instantes, um dossiê completo sobre todas as informações referentemente a esta iniciativa que visou, exclusivamente, continuar aquela tradição que todas as administrações anteriores tentaram na sua forma, segundo o seu método, evidentemente, que diferente a cada vez, mas marcar esses 120 anos com esta salutar convivência que vem se construindo ao longo destes anos.

Portanto, encerrando, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaria de dizer que a Câmara Municipal de Porto Alegre faz uma lembrança justa e oportuna a esses 120 anos da Empresa Carris, porque o objetivo de todos nós e tenho certeza, essa é a meta de todos os funcionários, não só os que estão presentes, mas os que estão, neste momento, trabalhando, é sem dúvida nenhuma buscar, cada vez mais, a melhor qualidade possível na prestação de serviços à população de Porto Alegre, porque a Empresa Carris não é do Partido “B”, não é da Direção “A” ou da Direção “B”, a Empresa Carris é um patrimônio da Cidade de Porto alegre e todos nós somos responsáveis pela sua manutenção e pela sua elevação cada vez mais. Obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Cyro Martini pela Bancada do PDT.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sra. Presidente da Cia. Carris Porto-alegrense, Dra. Ruth D’Agostini; Caros amigos funcionários da Empresa Carris Porto-alegrense. Nós não poderíamos faltar a esta tribuna para trazer justamente a palavra daquele partido que tem uma ligação íntima e estreita com a Carris Porto-alegrense. Nós não poderíamos deixar de vir aqui para consignar o orgulho que nós temos por essa empresa. Não este que fala, particularmente, já que ele mora ali defronte a Cia. Carris, o que já me dá orgulho particular, mas como trabalhista. Uma companhia hoje encravada lá no Partenon, no meio daquelas vilas populares, bem mostra a sua origem ligada às camadas populares de Porto alegre, a gente mais simples de Porto Alegre, aquele partido que a trouxe das mãos estranhas para o seio, para o manto, da nossa própria Casa. Isso para nós é de extrema relevância e importância. A Cia. Carris, sem dúvida, hoje é patrimônio sagrado de povo de Porto Alegre, independentemente de quem esteja na sua direção e quem lá estiver tem que respeitar esse patrimônio e quem lá trabalha também. Nós temos, na verdade, uma certa mágoa pelo que foi feito com o bonde, abrupta e intempestivamente no início da década de 70, temos certa dificuldade em aceitar aquela medida que afastou os bondes das ruas de Porto Alegre, que jogou para a beira da estrada. Ali nós poderíamos ter feito um trabalho que, por um lado, tratasse com mais carinho aquele patrimônio pelo qual o apreço do porto-alegrense era muito caro e ainda o é, especialmente, por parte daqueles que têm mais idade. Então, para nós foi triste vermos atirados na beira do caminho aqueles bondes-gaiola ou outros que transportaram gerações de porto-alegrenses dos bairros para o centro de Porto Alegre para estudar, para trabalhar, para passear. Então, para nós é uma tristeza o que foi feito, hoje vemos os bondes, um que outro por aí atirados e para aqueles que são antigos na Carris, a dor certamente é muito mais profunda, porque além do apreço como porto-alegrense ainda têm o seu apreço como funcionário. Essa Companhia, que por um lado assegura o pão de muitas famílias, um grande número de famílias da periferia de Porto alegre, por outro lado também é uma casa de educação e de civismo. Isso também é um dado de extrema importância, de extrema significação, é uma escola, é uma cultura que faz com que aquele cidadão, além do apreço pela empresa, tenha também pelo seu município, pelo seu estado, pela sua Nação. Isso, aqueles mais antigos da Carris nos afirmaram e nós constatamos. Figuras como Henrique Quim que dirigiu aquela Empresa no seu nascedouro, são pessoas que têm o carinho extraordinário pela Carris; que têm no sangue o apreço por aquela Empresa e pela gente que constitui o seu corpo de funcionários e por ele aprendemos a respeitar mais a Carris. Hoje, o Ver. Nelson Castan não pode estar aqui conosco devido a problemas de ordem particular, mas ele também é uma palavra viva e forte de enaltecimento. Isso temos que reconhecer, não podemos medir a Carris por um ou outro acontecimento, por um ou outro fato, nem podemos avaliar o valor de uma pessoa, de um administrador para aquela empresa por causa de um evento qualquer que sem dúvida acontece e acontece todos os anos e que devem ser consagrados e mantidos, é um tipo de exploração com o qual não concordamos. Então, queremos, aqui, reforçar a palavra do PDT, do trabalhismo de Porto Alegre para trazer o nosso abraço e a nossa homenagem à Companhia Carris Porto-alegrense; a Companhia dos bondes puxados a burro, dos bondes elétricos e dos atuais ônibus e que ela fique sempre mais marcada ainda na alma porto-alegrense pelos bons serviços prestados. E, os bons serviços prestados dela estão consagrados na voz do povo que reclama sempre que a Carris seja a responsável pelas suas linhas. Então, meus parabéns à Empresa pelos 120 anos e que ela tenha orgulho de si mesma, porque o porto-alegrense tem dela. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Falará pela Bancada do PDS o Ver. João Dib, a quem a Presidência passa a palavra neste momento.

 

O SR. JOÃO DIB: Eminente Presidente Ver. Omar Ferri; ilustre Presidente da Cia. Carris Porto-alegrense, Dra. Ruth D’Agostini. Servidores da Cia. Carris, Srs. Vereadores. Gosto muito da Carris. E não basta que eu diga que gosto da Carris. O meu passado há de afirmar que eu gosto da Carris. Se a minha vida na Prefeitura iniciou no ano de 1952, efetivamente, a minha vida pública começa no dia 1º de Setembro de 1956, quando assumi, na nova Secretaria que se criava, a Secretaria de Transportes, assumi a Diretoria de Planejamento e Fiscalização do Transporte Coletivo que, depois, com a reestruturação, eu passei a ser o assistente técnico da Secretaria Municipal dos Transportes. Ao longo de todo o tempo, acompanhei toda a história da Carris dentro da Carris. Participei da maioria das Assembléias que os transviários faziam lá na Venâncio Aires. E eu que representava o opositor a eles, quando lá chegava, recebia água mineral, cafezinho, me davam a palavra. Eu acertava uma série de medidas para que os servidores do povo de Porto Alegre não fossem prejudicados. Portanto está claro, está tranqüilo o meu posicionamento em relação à Carris que quero que continue crescendo. Mas disse bem o Ver. João Motta: a Carris não é do Partido “A”, não é do Partido “B”, também não é do Partido “D”, vou acrescentar.

E o livro 120 anos da Carris foi escrito pelo Partido “D”. Claro que é um homem que ama esta Cidade e que entrou na vida pública, exatamente, por causa do transporte coletivo; transporte coletivo urbano de 1956 tinha 5 ou 6 centenas de proprietários de ônibus e microônibus caindo aos pedaços. Há muitas medidas tomadas, nesta Cidade, no transporte coletivo que ninguém sabe porque foram tomadas, porque de madrugada, num fim de linha, o engenheiro João Dib chegava à conclusão que tinha que ser feito, ninguém nunca discutiu, porque responsabilidade é coisa que já não se assume neste País, e já não se assumia muito naquele tempo.

Então, era mais fácil. Se havia um louco que acompanhava todos os acontecimentos deixasse que ele fizesse; ele deveria saber o que estava fazendo, então algumas resoluções, algumas coisas, porque tem 403 lotações; por que que de repente os carros com mais de 10 anos foram excluídos da frota? Uma série de coisas não estão esclarecidas nem registradas. Mas, havia um homem que acompanhava no dia-a-dia todas as coisas. Por isto que estou falando, não estou pretendendo me auto-elogiar; este livro mostra o ângulo do PT. Eu acho injusto. Eu vejo aqui coisas, por exemplo, quando se fala na administração João Antonio Dib, parece que pedem desculpas, porque na greve geral iniciada em 22 de julho, entretanto, a Carris não participou da paralisação dos serviços dos ônibus; a administração da Carris determina o envio de 10 veículos para atendimento da população de Viamão devido à paralisação dos serviços. Esta ordem foi tomada, diretamente, pelo Prefeito João Antonio Dib que lá estava, e não está pedindo desculpas e não pretende que se oriente a matéria desta maneira. Quer uma colocação respeitável e respeitada, porque inclui a mim e porque também terminei a greve, que era uma greve política e eu disse não à assembléia dos transviários. Mas vocês têm razão. Da outra vez eu disse: se vocês fizerem greve, vão perder.

Também está registrado aqui que no dia 26 de junho de 71 houve uma greve. Não. Não aconteceu. Foi no dia 21 de julho e terminou no dia 1º de agosto, quando mostramos para os transviários, que eram extremamente inteligentes, que não adiantava eles fazerem a greve; o serviço estava mal, não havia receita para pagar os salários deles. Uma coisa registro na minha vida pública: o amor que vi no dia 1º de agosto de 1971, quando os transviários em greve achavam que manteriam a greve. E eu dizia aos transviários, com quem eu parlamentava com toda franqueza, com todo respeito, com toda verdade no dia 1º de agosto, isso e terminou a greve: vou trazer ônibus de fora de Porto Alegre e vou terminar com tudo isso. Vocês estão errados. Olhavam para mim e riam. Me tirem a greve da Praça XV para que eu possa melhor disciplinar o meu serviço.

No dia 1º de agosto, apenas cinco ônibus foram conseguidos para que se fizesse a substituição de todos os bondes. Não tinha condições com cinco ônibus só. Mas nada substituiria o amor daqueles homens pelo seus bondes. Determinei que os ônibus entrassem no abrigo da Praça XV e terminou a greve. Disseram: “Não, aqui, não. Este local é nosso, é dos nossos bondes, é da Carris!” Como alguém que ama a sua empresa, fazendo valer o seu trabalho.

Não concordo, também, com a restrição. Sou obrigado a dizer que tenho na minha memória todos esses fatos. Os troleybus não foram instalados em 64 – O Presidente chega a estar com sono de tanto que eu falo – mas não foi em 64; foi em 63, quando Loureiro da Silva era Prefeito e João Dib Secretário Municipal dos Transportes. Não extingui-se o serviço de troleybus em 1969, foi muito antes. E realmente está bem colocado aqui porque as estruturas dos troleybus não eram adequadas para a cidade, foram mal construídas e foram vendidas para um município de São Paulo, Araraquara. Está absolutamente correta, agora, as datas não estão corretas, parece que desejam excluir alguma coisa, não sei. Portanto, são 120 anos sem dúvida de muito trabalho, de muita incompreensão, e ainda devo dizer que quando fala da Administração João Dib, relata que a Carris apresentava déficit, em fevereiro de 84, de 50 milhões de cruzeiros, dos quais 20 milhões são resultados do repasse que a Carris efetua do Copa, dá impressão assim que a Administração não sabia o que fazer. Não, o Copa foi criado com a participação da Carris numa tarifa social, hoje o PT e a ATP fazem propaganda, dizendo que se anda 60 quilômetros ou mais, eles estão equivocados, o Cantagalo vai mais do que isto, 60 quilômetros, o Cantagalo, ou 30 quilômetros da Restinga pela mesma tarifa na Independência, mas exatamente só ocorre isto porque a Carris que recebeu a mais tem que passar para o outro. Não foi justo, justiça não tem que se preocupar por ter sido feita, portanto, eu não tenho nada para me desculpar aqui, não concordo com o posicionamento, porque não está bem historiando a trajetória luminosa dos 120 anos da Carris que aconteceram antes do PT, e que nós do PDS, hoje, formulamos votos que ela continue crescendo, porque a Carris é do Povo de Porto Alegre, e não fui eu que escrevi esta frase, foi o Prefeito Alceu Collares mas, se escreveu bem, use-se, se escreveu mal, discuta-se, e é o que estou fazendo nesse momento, mas isto não impede que eu queira do fundo do meu coração, com a sinceridade e a tranqüilidade que me caracteriza dizer que a minha Bancada, o PDS, deseja o sucesso, porque aqui é um empresa do povo, do Poder Público, eu também sou acionista da Carris, tenho quinhentas ações, mas a Prefeitura de Porto Alegre é quem arca com tudo, tanto que deu algumas contribuições valiosíssimas no ano passado para a continuidade de serviços da Carris, como eu também Prefeito João Antonio Dib, em 85, dei três milhões e meio em janeiro e mais dois e meio logo em seguida para pagar o óleo diesel, porque a Prefeitura tinha que socorrer a Carris, mas a Carris era do povo. Espero que continue sendo do povo, mas do povo de forma indiscriminada. E que ela continue prestando excelentes serviços. E realmente presta excelente serviço, porque aquele amor que tinham os transviários veio se passando. E falando em transviários, aqui uma queixa contra a Prefeitura, contra a Administração, que não era do PT, por ter levado para a Prefeitura e pagar servidores que estavam lá na Carris. Mas de qualquer forma a história um dia poderá ser rescrita. Agora, o que não poderá ser retirado, é o amor que os servidores da Carris têm pela sua empresa. E espero que se mantenha e, até se possível, cresça mais ainda para que Porto Alegre ganhe muito mais. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Fala pela Bancada do PPS, o Ver. Lauro Hagemann, a quem a Presidência passa a palavra nesse momento.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Ver. Omar Ferri, Presidindo a Sessão, Prezada Companheira Dra. Ruth D’Agostini, Diretora-Presidente da Carris, Srs. Vereadores,  Funcionários da Carris.

Quando se fala em Carris, e principalmente quando me cabe falar em Carris, na Cia. Carris, eu tenho muito respeito, muito orgulho e muito cuidado, porque a Carris nos seus 120 anos, ela abarca mais da metade da vida desta Cidade, e isto tem um significado muito profundo para Porto Alegre. A Carris é o símbolo do transporte coletivo desta Cidade. Criada ainda no tempo do Império atravessou todo este século prestando serviço para a coletividade. E quando se fala em Carris não é uma entidade abstrata. É uma entidade que se materializa a cada instante, a cada momento, através do seu corpo funcional.

Desde os tempos do bonde puxado a burro, desde o tempo do bonde elétrico, passando pelo troleybus, e hoje com os ônibus, a Carris é aquela empresa que vem, diuturnamente, servindo aos interesses da população, no seu aspecto mais essencial, na garantia do direito constitucional de ir e vir, que é inerente ao homem, é o seu transporte, é para o exercício de uma atividade laboral que vai engrandecer a Cidade e que vai movimentar a roda do progresso, a roda da economia.

Se não fosse o transporte os homens não poderiam se deslocar dos seus locais de residência, de parada, de pernoite para os seus locais de trabalho. E dos seus locais de trabalho para os locais de lazer.

O transporte coletivo é fundamental para a vida de uma cidade. A tal ponto que a Constituição, desde 46, obriga o Município a fornecer o transporte coletivo para a Cidade, de forma direta ou delegada. No caso da Carris este transporte vem sendo de um tempo para cá fornecido pelo Poder Público. A Carris é uma empresa que, na sua história sofreu altos e baixos. Houve época, e eu já estava nesta Casa, em que nós recebíamos mensagens do Executivo dizendo que a Carris era uma empresa subsidiária do transporte coletivo da Cidade. Ela não deveria ser subsidiária. A Carris deve ser a  empresa norteadora do sistema de transporte coletivo da Cidade.

É isto que estamos pretendendo, que ela seja exatamente isto. E aí entram as figuras do Ver. João Dib, Nelson Castan e a Dra. Ruth D’Agostini e de outros administradores, e a Dra. Ruth, que vem tentando transformar esta empresa na empresa que seja o norte do transporte coletivo da Cidade.

O livro “120 Anos da Carris”, eu conheço as suas autoras, ele foi escrito num tempo relativamente curto, é passível como qualquer levantamento histórico principalmente de 120 anos, de equívocos, de visões diferenciadas, mas ele é um aporte precioso na reconstituição da história desta empresa. E quando, por exemplo, o Ver. Dib dizia no seu discurso que tinha uma relação muito fraterna, muito direta com os transviários da sua época, eu não posso deixar de ressaltar aqui que a Companhia Carris, o Sindicato dos Carris Urbanos, desde o início da sua história, foi grandemente influenciado por comunistas e esta é a palavra exata e correta que se deve aplicar, e os companheiros comunistas tinham a visão que o Ver. Dib relatou desta tribuna, a seriedade com que eles encaravam os assuntos públicos desta Cidade, no âmbito do transporte coletivo, muitas greves foram evitadas, porque sabiamente avaliadas como perniciosas, à categoria e perniciosas à Cidade e isso não quer dizer que os comunistas fossem insensíveis ou tivessem traindo a sua categoria ou a sua Cidade.

Por isso companheiros, quando a Carris comemora 120 anos e faz a festa que fez no último sábado muita gente pode ter achado estranho que se tenha socorrido de recursos dos fornecedores para promover aquele congraçamento. Congraçamento que vem de longa data, não foi inventado agora, a transparência está aí nos documentos, nos recibos dados. Pode ser que a época não seja a mais adequada para esse tipo de festejo mas é uma tradição que se procurou cumprir. Se houve algum equívoco, algum erro, se algum deslize foi cometido, sempre haverá tempo de reparo. Mas o essencial é que a família da Carris pode se reunir e comemorar os 120 anos da Empresa. A Carris que sempre esteve associada aos melhores momentos da vida desta Cidade. Foram os transviários que em 1961 saíram às ruas organizados nos batalhões transviários para defender a Constituição. Foram os transviários que em 1964 se insurgiram contra o golpe, e muitos deles sofreram pesadas penas.

Então a Carris não é uma empresa qualquer ela está intimamente vinculada à Cidade de Porto Alegre. E tomara que nós possamos festejar os seus 200, os seus 300 anos com o mesmo ânimo com que chegamos aos 120 anos. Muito obrigado. (palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Gert Schinke que falará em nome do Partido Verde.

 

O SR. GERT SCHINKE: Sr. Presidente, Sra. Diretora-Presidente da Carris, Sra. Ruth D’Agostini; Companheiros e Companheiras da Carris, Companheiros Vereadores é uma honra para mim, aqui, representando o Partido Verde dirigir essas poucas palavras aos companheiros aqui presentes nesta justa homenagem que faz a Câmara de Vereadores aos 120 anos da Carris. Como bem lembrou o Companheiro Lauro Hagemann que me antecedeu a história desses 120 anos da Carris se confunde indubitavelmente com a história dessa Cidade. Se confunde com as lutas políticas que aconteceram nessa Cidade; se confunde com a tradição das lutas sindicais, das lutas pelas melhorias salariais dos trabalhadores por melhor qualidade de vida, por melhores salários onde a Carris, sem dúvida nenhuma, era um dos pilares dessas lutas, aqui, no que diz respeito as lutas da própria categoria e as lutas gerais. Eu ainda bem me lembro quando a gente trabalhava, faz muitos anos, se trabalhava a história das greves, a greve geral. Sempre me vem à tona a idéia de que era fundamental o papel desencadeado pela Carris na paralisação dos ônibus da Cidade de Porto alegre e assim o foi. Foi, sem dúvida, sempre fundamental a participação dos trabalhadores da Carris não só nas suas lutas de categoria como também nas lutas mais gerais dos trabalhadores nessa Cidade, nesse País. Portanto aí tem a Carris uma referência na nossa Cidade. Uma Companhia que de tantas idas e vindas passou também por um processo traumático imposto pelo rodoviarísmo. O abandono ao equipamento dos bondes significou um impacto sem dúvida fantástico para uma Companhia que tinha nesse tipo de equipamento, nessa tecnologia todo o seu “modus operandi”, todo o seu esquema de funcionamento e que de uma hora para outra mudou esse sistema baseado no petróleo, no ônibus movido a diesel. Hoje completamente dependente do esquema, multifuncional que domina não só esse País mas todo o mundo, responsável por guerras no Golfo Pérsico. Eu realmente ainda sonho, sonho com a possibilidade de ver um dia nesta Cidade através de sua Companhia, que é de propriedade do povo, a volta do bonde, um bonde com uma tecnologia de ponta, trólei com a tecnologia impulsionada pela eletricidade. Talvez os ônibus rodando a gás natural, que não polui, como o óleo diesel costuma poluir, e que hoje é uma tragédia nas grandes cidades brasileiras. Sonho ainda com esta possibilidade. Talvez na minha curta vida não assista a isso. Acredito que sim, acredito que a imposição da realidade está forçando. As companhias de transporte público, hoje, já se adequaram aos novos ares deste tempo, que exigem mais eficiência, que exigem critérios de qualidade ambiental e que eu tenho certeza de que esta direção no comando da Carris tem em mente. Tem em mente porque tem firmado projetos em cima de modernos conceitos empresariais e uma moderna gestão empresarial, que tem como base a eficiência da companhia e não o desperdício. Que tem como base a lisura no trato da coisa pública, a transparência. E neste sentido eu quero dizer desta tribuna que tem a direção da Cia. Carris a minha total solidariedade quanto aos métodos, ao procedimento que teve na realização desta justa homenagem que fez no sábado passado a todos os seus funcionários e convidados. Porque mostrou, sim, a lisura no trato da coisa pública, a transparência que tem que ser feita, ao contrário do que se fazia no passado. Ao contrário do que se fazia no passado, valores eram doados e não se sabe como eram doados e como apareciam dentro da companhia. Portanto está mais que correto que a direção oficializasse este pedido de ajuda na homenagem que foi feita. Também quero deixar aqui a minha homenagem a esta obra que só vem engrandecer o Município de Porto Alegre, a Administração, e principalmente a Cia. Carris que também homenageia os 120 anos da Carris. Eu pessoalmente já tive oportunidade de passar os olhos neste pequeno livro há pouco citado por vários Vereadores desta tribuna. Quero com isso, então, encerrar neste breve pronunciamento deixando aqui do fundo do coração, em nome do Partido Verde, a nossa sincera homenagem aos 120 anos da Cia. Carris, à sua direção e aos seus funcionários. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, a Sra. Diretora-Presidente da Companhia Carris Porto-alegrense, Dra. Ruth D’Agostini.

 

A SRA. RUTH D’AGOSTINI: É com imensa honra que representando a Companhia Carris e em nome de seus funcionários, recebemos a homenagem que essa respeitável Casa presta à Empresa na passagem de seu aniversário.

A Carris completa 120 anos de prestação de serviços à comunidade porto-alegrense, de forma ininterrupta.

Por isso mesmo, não é exagero afirmar que a história da Companhia Carris se confunde com a própria história da Cidade. No princípio foram os bondes de tração animal, transportando os moradores dos primeiros bairros de Porto Alegre. Mas, já em 1909, devido às características geográficas da cidade, a tração animal é substituída pela elétrica e a Companhia além de transportar os porto-alegrenses também passa a fornecer luz elétrica para a cidade. Tais serviços prestados pela Empresa facilitaram a formação de novos bairros e o incremento das atividades comerciais e produtivas.

Sua história demonstra que não fora, poucas as crises e obstáculos pelos quais a empresa passou, superando graças à coragem e dedicação de seus funcionários e da população porto-alegrense e, cabe aqui lembrar como exemplo dessa coragem, o ano de 1953, quando população e trabalhadores tiveram papel decisivo para a Companhia, então de propriedade norte-americana, passasse às mãos da Prefeitura Municipal e, portanto, do povo de Porto Alegre.

Em 1970, noventa e oito anos após a fundação da Carris, o bonde deixou saudades ao circular nas ruas pela última vez. A Carris cumpria uma tapa de sua história, passando a operar apenas com ônibus movido a óleo diesel.

Hoje a Companhia conta com 255 destes veículos, transportando 270 mil passageiros/dia através de suas 20 linhas. Seus 1700 funcionários procuram cada vez mais servir os usuários com um serviço eficiente e de qualidade.

Aliás, qualidade tem sido em nosso mandato um conceito estratégico e, para obtê-la estamos reestruturando todo o modelo de gerenciamento da Empresa. A partir de uma nova concepção, baseada na teoria da qualidade por toda a Empresa. Uma experiência inédita na história do transporte, e que tem possibilitado não só resultados nunca antes alcançados no desempenho operacional da Empresa, como também um ambiente de trabalho mais democrático e criativo bem como a quantificação precisa dos insumos utilizados na prestação de nossos serviços.

Pois, por ser pública, entendemos que não basta prestar um bom serviço de transporte à população. É necessário mais, é necessário que a Carris seja definitivamente um parâmetro do sistema, com talento para munir o Poder Público com dados e experiência capazes de concretizar a vontade do Governo da Administração Popular que é de oferecer à população de Porto alegre um serviço confiável e qualificado.

A Cidade e a Carris comemoram este aniversário com o retorno do bonde e o resgate de sua história, através de um livro que o Senhores já devem ter recebido como recordação dessa data, além da tradicional festa que nos últimos 14 anos os funcionários da Companhia realizam.

O bonde retorna como um monumento a todos nós, guarda em si lembranças de momentos alegres e tristes, partilhados ao sabor do seu balanço. Para a Carris, o bonde é também um monumento do seu passado, materializa as experiências acumuladas pela Empresa no transporte de passageiros.

E essa experiência do passado, somada a sua capacidade de modernização me permite afirmar com segurança que muitas outras centenas de anos virão e esta Empresa Pública saberá enfrentá-los com sabedoria e coragem, apoiada em seu passado mas sempre com os olhos voltados para o futuro, para bem atender o cidadão porto-alegrense.

Nobres Vereadores, a homenagem que esta Casa presta muito nos honra e penso falar em nome de todos os funcionários da Empresa ao agradecê-los. Ela engrandece profundamente os 120 anos que comemoramos.

Mas não poderia encerrar sem antes responder as acusações feitas desta tribuna pelo líder do PL, do fato de termos solicitado contribuição de 26, e não de 100, de nossos principais fornecedores para custearmos as despesas da tradicional festa da Carris e da edição do livro que resgata a sua história.

Preocupados estaríamos se tivéssemos utilizado recursos públicos, ou seja, recursos oriundos dos nossos usuários, para custear tais atividades, como ocorreu na gestão 84/85. Os fornecedores atenderam com prazer o nosso pedido, por se tratar de uma Empresa séria que tem honrado seus compromissos e que mantém um relacionamento transparente e sincero com os mesmos. Aliás, em parceria com a iniciativa privada foi que concluímos o Ginásio Tesourinha e parte da Usina do Gasômetro.

Preocupados estaríamos se recebêssemos tais doações sem registrá-las na Contabilidade da Empresa. Nosso pedido de doação foi feito por escrito e com recibo passado, cujas cópias, Senhor Presidente, vos entregarei juntamente com documentos semelhantes da gestão 86/88, para que não pairem dúvidas sobre o fato.

Honestidade, tem sido no Governo da Frente Popular, não uma bandeira para discursos, mas uma característica de nosso modo de fazer política, porque não admitimos que o patrimônio público seja tratado como propriedade particular deste ou daquele indivíduo, porque queremos resgatar o conceito de cidadania neste País e porque queremos a construção de um Brasil sério e comprometido com as classe populares.

A Carris completa seus 120 anos na condição de empresa pública. Atribuo as ilações levianas destes representantes do liberalismo ao fato de que não podem admitir que uma empresa pública chegue aos 120 anos prestando excelentes serviços à comunidade porto-alegrense, o que põe por terra a tese de que, simplesmente, o que é privado é melhor, como querem fazer crer estes arautos da ideologia neo-liberal que juntamente com o Governo Collor estão sucateando este País e fazendo da corrupção a sua marca política.

Aliás, do ponto de vista ético, quem assume uma ideologia deveria assumir, também, a responsabilidade de todos os atos provenientes desta ideologia.

Desculpe-me os demais Vereadores, mas não poderia deixar passar sem repostas tais acusações.

Tenho a certeza de que Vossas Senhorias estão empenhados em manter, de forma séria e correta, o bom nome desta Casa.

Só posso agradecer, sinceramente, pela homenagem que prestam à Companhia Carris e seus funcionários. Muito obrigada!

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Câmara de Vereadores, nesta data festiva do dia de hoje em que os Vereadores acabam de registrar esta efeméride dos 120 anos de aniversário de uma empresa que representa a luta do povo, a luta popular, que representa uma ideologia própria, não poderia, através da sua Presidência, encerrar a Sessão sem levar o abraço da Casa e dos Vereadores, a todos os funcionários da Carris que aqui estão presentes, a sua Diretora-Presidente e às demais autoridades aqui presentes.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Eu fui cuidadoso nas palavras que usei no meu pronunciamento, mas com oportunidade vou responder parte do que foi dito no pronunciamento da Sra. Presidente da Cia. Carris.

 

O SR. PRESIDENTE (Omar Ferri): De qualquer maneira Ver. Dib, fica registrado o aparte de V. Exª.

Mas essa, no entendimento deste Presidente provisório, foi uma solenidade que teve por objetivo homenagear uma empresa pública. E não se pode compreender de outra forma, não se pode entender fora desses parâmetros.

Só quero fazer uma crítica: aquele churrasco, porque não fui convidado; foi uma pena. (Palmas.)

Agradeço à Dra. Ruth pela sua presença e de todos os demais.

 

(Levanta-se a Sessão às 15h23min.)

 

* * * * *