ATA DA OCTOGÉSIMA QUINTA SESSÃO
ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLAUTRA, EM
25.6.1992.
Aos vinte e
cinco dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa e dois reuniu-se,
na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto
Alegre, em sua Octogésima Quinta Sessão Ordinária da Quarta Sessão Legislativa
Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, constatada
a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e
determinou que fossem distribuídas cópias da Ata da Octogésima Quarta Sessão
Ordinária, que deixou de ser votada face a inexistência de “quorum”
deliberativo. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Vicente Dutra, 02
Pedidos de Providências; pelo Vereador Vieira da Cunha, 01 Pedido de
Informações; pelo Vereador Wilson Santos, 01 Pedido de Informações e 03 Pedidos
de Providências; pelo Vereador Wilton Araújo, 08 Pedidos de Providências e 01
Projeto de Resolução nº 38/92 (Processo nº 1479/92) . Do EXPEDIENTE constaram
os Ofícios nºs 9/92, da Câmara Municipal de Bauru e 298/92, do Prefeito
Municipal. A seguir, o Senhor Presidente deferiu solicitação de cópia do Veto
Total aposto do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 14/91 aos
Vereadores Isaac Ainhorn e Omar Ferri. Em continuidade, o Senhor Presidente
comunicou que o Período de Comunicações da presente Sessão seria destinado a
homenagear a passagem dos cento e vinte anos da Companhia Carris
Portoalegrense, a Requerimento, aprovado, do Vereador Dilamar Machado
registrando a presença da Senhora Ruth D’Agostini, Diretora Presidente dessa
Empresa. na Mesa dos trabalhos. Em prosseguimento o Senhor Presidente,
proponente da homenagem, referiu-se sobre o evento, historiando as atividades
da Companhia Carris Portoalegrense. Falou sobre o início da atuação dessa
Empresa nos serviços de transporte coletivo em Porto Alegre. E, ainda,
cumprimentou os funcionários e diretores pelas lutas empreendidas em prol da
atuação dessa Empresa. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos
Vereadores que falariam e nome da Casa. O Vereador João Motta, em nome da
Bancada do PT, referiu-se sobre a homenagem hoje prestada pela Casa,
discorrendo sobre o cento e vinte anos de prestação de serviços públicos pela
Carris. Registrou crítica feita por Vereador desta Casa a mencionada Empresa, a
respeito de homenagem prestada pela mesma a seus funcionários, dizendo ser uma
tradição esse tipo de solenidade que a Companhia Carris Portoalegrense presta a
seus colaboradores. O Vereador Cyro Martini, em nome da Bancada do PDT,
discorreu sobre o evento hoje ocorrido neste Legislativo, consignando o orgulho
que sua Bancada tem pela Companhia Carris Portoalegrense. Historiou a extinção
do bonde em Porto Alegre, dizendo que o mesmo fora atirado a beira do caminho.
Prestou seu reconhecimento pelos bons serviços prestado pela Empresa à
comunidade. O Vereador João Dib, em nome das Bancadas do PDS e PTB, falou sobre
sua vida pública, reportando-se acerca de sua participação na Companhia Carris
Protoalegrense, Disse que apesar de opositor, sempre este presente nas
assembléias dos trensviários e manteve bom relacionamento com essa Empresa.
Teceu comentários acerca das atividades dessa Empresa em benefício de Porto
Alegre, discordando do posicionamento feito no livro “Cento e vinte anos da
Carris” o qual não historia a trajetória luminosa que antecedeu a atual
Administração Municipal. O Vereador Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PPS,
teceu comentários sobre a Companhia Carris Portoalegrense, dizendo que tem
respeito e orgulho quando fala dessa Empresa. Disse, ainda, que a Carris é o
símbolo do transporte coletivo desta Cidade e que não se trata de uma entidade
abstrata, porque ela se materializa a cada momento que se renova. Comentou sobre
as atividades da Carris, afirmando que a mesma deve ser uma empresa norteadora
dos serviços de transportes coletivos. Falou, também sobre o livro “Cento e
vinte anos da Carris” o qual foi escrito em tempo muito curto. O Vereador Gert
Schinke, em nome da Bancada do PV, teceu comentários sobre a homenagem, hoje,
prestada pela Casa, dizendo que os cento e vinte anos de atuação da Companhia
Carris Portoalegrense se confundem com a história de Porto Alegre, porque essa
Empresa está sempre em luta por melhor qualidade de vida da população
porto-alegrense. Falou, também, sobre a permanência dos bondes em Porto Alegre,
discorrendo acerca da evolução do transporte coletivo. Solidarizou-se com a
Direção e Funcionários dessa Empresa pelos méritos ao longo dos anos. A seguir,
o senhor Presidente concedeu a palavra a Senhora Ruth D’Agostini que agradeceu
a homenagem prestada pela Casa, falando sobre a história da
Companhia Carris Portoalegrense em prol da comunidade porto-alegrense. Em
continuidade, o Senhor Presidente respondeu Questão de Ordem do Vereador João
Dib sobre pronunciamento feito pela Diretora-Presidente da Companhia Carris
Portoalegrense. Às quinze horas e vinte e três minutos, nada mais havendo a
tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convidando os
Senhores Vereadores para a Sessão Solene a seguir. Os trabalhos foram
presididos pelos Vereadores Dilamar Machado e Omar Ferri e secretariados pelos
Vereadores Omar Ferri e Clóvis Ilgenfritz. Do que eu, Clóvis Ilgenfritz, 3º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada,
será assinada pelos Senhores presidente e 1º Secretário.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Observando o expediente nos ofícios
consta um encaminhamento de Veto Total ao PLCL 14/91, do Sr. Prefeito
Municipal, que Veta este projeto totalmente, que dispõe sobre incentivo fiscal
para realização de Projetos culturais no âmbito do Município de Porto Alegre.
Gostaria de requerer à Mesa que autorizasse o fornecimento de uma cópia deste Veto.
O SR. PRESIDENTE (Dilamar Machado): Está autorizado, Vereador, a Diretoria
Legislativa providenciará em seguida.
O SR. OMAR FERRI (Questão de Ordem): Sr. Presidente, da mesma forma este
Vereador requer também cópia deste Veto.
O SR. PRESIDENTE: Da mesma forma V. Exª receberá cópia.
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, neste momento passamos à
solenidade da Sessão que, por Requerimento do próprio Vereador Presidente da
Casa, se destina a homenagear a passagem dos 120 anos da Cia. Carris
Porto-alegrense. Requerimento que teve aprovação unânime dos Vereadores que
compõem a nossa Câmara Municipal e para nossa honra e satisfação nos visita a
Diretora-Presidente da Carris, Dra. Ruth D’Agostini, e também já me referi e
refiro novamente a honra de ter, em nosso Plenário, a visita de companheiros
trabalhadores da Cia. Carris Porto-alegrense. Eu, particularmente, procurei com
esta singela homenagem na Câmara Municipal dizer inicialmente do respeito que
os Vereadores de Porto Alegre tem pela Carris, pela história, e pelo momento
atual da Cia. Carris Porto-alegrense, que, indiscutivelmente, é um fator de
equilíbrio no sistema de transporte coletivo de Porto Alegre, detendo
apreciável percentual do transporte de passageiro. E no processo que tem
seqüência na atual administração da Dra. Ruth D’Agostini, já vem sendo tratado,
há alguns anos na Carris, da manutenção, da recuperação de sua frota e de
melhoria de condições de trabalho para os seus servidores. Quero homenagear a
história da Companhia que, há 120 anos atrás, começou a servir a população de
Porto alegre, a partir dos seus primeiros transportes, que eu não sei se algum
Vereador lembra, provavelmente não, mas devem ter lido, de bonde puxado a
burro. O Ver. Omar Ferri se lembra? Não. E, depois, tivemos nós, todos os
cinqüentões de hoje, tivemos na nossa adolescência a presença do bonde, eu
lembro, quando vim do interior em 1950, era praticamente o único transporte
coletivo da cidade, não havia linha de ônibus, havia isso sim, o Ver. Dib
lembra, as lotações que eram carros importados, Lincol, Blique, e o bonde como
um meio de transporte que marcou toda uma geração, década de 40, década de 50,
até a sua extinção, como sistema de transporte coletivo, suas linhas que
acabaram virando ponto de referência na cidade e os seus trabalhadores.
Gostaria de, ao falar aos trabalhadores da Carris, prestar a minha homenagem a
um que foi símbolo nas primeiras lutas reivindicatórias depois da
redemocratização deste País, após o período da ditadura do Presidente Getúlio
Vargas, eu me lembro que surgiu, no âmbito de tantas e tantas lideranças, o
Bolinha, Antônio Judice, que foi inclusive Vereador desta Casa, e durante muito
tempo representou a luta dos seus companheiros trabalhadores da Cia. Carris
Porto-alegrense. Hoje uma empresa sólida, que merece a confiança, o respeito da
população. E, por isto, a nossa homenagem, Dra. Ruth D’Agostini, homenagem
sincera, fraterna dos seus companheiros Vereadores, independente de Bancadas,
que fizeram questão de convidá-la para receber esta homenagem pelo bem que a
Carris faz a Porto Alegre, pelo respeito que o povo da Cidade tem pela
Instituição e, particularmente, pelos funcionários.
Gostaria
de deixar aos companheiros da Carris, já expliquei pessoalmente à Diretora
Presidente, o meu pedido de escusas por ter que, momentaneamente, me retirar da
Sessão. Mas podem crer que não é uma descortesia, é exclusivamente obrigação do
cargo que ocupo na Casa.
Nós
temos Vereadores inscritos para falar, Ver. João Motta, Ver. João Dib, Ver. Lauro
Hagemann, Ver. Cyro Martini,
na seqüência, no final falará em nome da Bancada do PDT. O Ver. João Motta,
Líder do PT, ocupará a Tribuna para saudar a nossa homenageada, Cia. Carris, na
pessoa de sua Diretora, Dra. Ruth D’Agostini.
Passo
o comando da Sessão ao Companheiro Omar Ferri.
O SR. PRESIDENTE (Omar Ferri): Passo a palavra ao Ver. João Motta.
O SR. JOÃO MOTTA: Exmo. Sr. Ver. Omar Ferri, presidindo
esta Sessão; Exma. Sra. Diretora da Empresa Carris, Dra. Ruth D’Agostini;
demais membros da Direção da Empresa; Funcionários; Srs. Vereadores.
Nestes
120 anos existe uma publicação que retrata bem esta história, que poderia
receber várias leituras e várias interpretações. Prefiro sintetizar estes 120
anos em 3 momentos diferentes, mas que compõem, sem dúvida nenhuma, este cotidiano
vivido na cidade de Porto Alegre, por todos nós. São 120 anos de trabalho, de
mobilização, da prestação de serviço público. São 120 anos de um trabalho onde
gerações se sucedem, onde funções e definições se modificam , do motorneiro do
bonde ao motorista do ônibus; do bonde ao ônibus; Enfim, poderíamos citar
vários exemplos: do jovem cobrador ou motorista, àquele funcionário aposentado.
Poderia usar vários exemplos que sintetizam os vários exemplos. E esse
exercício, que tem orgulhado a empresa, é orgulho de todos nós, ou seja, a
garantia de que a prestação de um trabalho diário, feito por milhares de
pessoas, naquela empresa, garantem, de fato, esse requisito e diria esta
virtude ao se relembrar estes 120 anos.
É
sem dúvida, uma história da Cia. Carris construída por um trabalho digno,
enfim, que é merecedor do nosso registro nesta oportunidade. De mobilização,
também, na medida que tivemos nestes 120 anos mobilizações, e, certamente, não
está encerrado este ciclo, mobilizações quanto à pressão econômica e os
interesses internacionais. Mobilização constante no sentido de democratizar
cada vez mais a gestão da própria empresa. Mobilização no sentido de evitar que
a empresa se transforme, pura e simplesmente, num apêndice de um ou de outro
partido que se sucede na administração pública no Município de Porto Alegre.
Portanto, também por este aspecto, nós poderíamos registrar, como sendo também
digno de ser registrado, este aspecto e esta característica destes 120 anos.
Sempre foi uma empresa cuja mobilização de todos esteve presente. A prestação
do serviço público também poderia ser relembrado e com uma diferença
fundamental: em meio a uma crise estrutural do atual modelo econômico, que
submete de uma forma perversa, muitas vezes, o serviço público aos interesses
cartoriais e corporativos, gerir uma empresa e prestar um serviço público,
hoje, sem dúvida nenhuma, no sentido de não só viabilizar a empresa, mas
ampliar cada vez mais os seus serviços como ocorre na Carris este ano e como
ocorre atualmente. Também parece que é digno de se registrar, nestes 120 anos,
esta outra característica dessa história, ou seja, a boa administração de um
serviço público. A transparência na gestão da empresa, nós poderíamos
exemplificar, e nada mais justo, nada mais oportuno que se relembre aqui uma
polêmica que vem passando na Câmara Municipal de Porto Alegre, a comemoração
dos 120 anos, feita através de um almoço, nestes últimos dias, e que mereceu,
por parte dos Vereadores, especificamente de um Vereador, nesta Casa, o não reconhecimento
de que esta comemoração se faz a cada ano, mas mereceu uma crítica injusta à
Direção da empresa e, indiretamente, a todos os funcionários, com o qual
gostaria de demarcar neste momento. E dizer que as Lideranças estão recebendo
como eu recebi há poucos instantes, um dossiê completo sobre todas as
informações referentemente a esta iniciativa que visou, exclusivamente,
continuar aquela tradição que todas as administrações anteriores tentaram na
sua forma, segundo o seu método, evidentemente, que diferente a cada vez, mas
marcar esses 120 anos com esta salutar convivência que vem se construindo ao
longo destes anos.
Portanto,
encerrando, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaria de dizer que a Câmara
Municipal de Porto Alegre faz uma lembrança justa e oportuna a esses 120 anos
da Empresa Carris, porque o objetivo de todos nós e tenho certeza, essa é a
meta de todos os funcionários, não só os que estão presentes, mas os que estão,
neste momento, trabalhando, é sem dúvida nenhuma buscar, cada vez mais, a
melhor qualidade possível na prestação de serviços à população de Porto Alegre,
porque a Empresa Carris não é do Partido “B”, não é da Direção “A” ou da
Direção “B”, a Empresa Carris é um patrimônio da Cidade de Porto alegre e todos
nós somos responsáveis pela sua manutenção e pela sua elevação cada vez mais.
Obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Cyro Martini pela
Bancada do PDT.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sra.
Presidente da Cia. Carris Porto-alegrense, Dra. Ruth D’Agostini; Caros amigos
funcionários da Empresa Carris Porto-alegrense. Nós não poderíamos faltar a
esta tribuna para trazer justamente a palavra daquele partido que tem uma
ligação íntima e estreita com a Carris Porto-alegrense. Nós não poderíamos
deixar de vir aqui para consignar o orgulho que nós temos por essa empresa. Não
este que fala, particularmente, já que ele mora ali defronte a Cia. Carris, o
que já me dá orgulho particular, mas como trabalhista. Uma companhia hoje
encravada lá no Partenon, no meio daquelas vilas populares, bem mostra a sua
origem ligada às camadas populares de Porto alegre, a gente mais simples de
Porto Alegre, aquele partido que a trouxe das mãos estranhas para o seio, para
o manto, da nossa própria Casa. Isso para nós é de extrema relevância e
importância. A Cia. Carris, sem dúvida, hoje é patrimônio sagrado de povo de
Porto Alegre, independentemente de quem esteja na sua direção e quem lá estiver
tem que respeitar esse patrimônio e quem lá trabalha também. Nós temos, na
verdade, uma certa mágoa pelo que foi feito com o bonde, abrupta e
intempestivamente no início da década de 70, temos certa dificuldade em aceitar
aquela medida que afastou os bondes das ruas de Porto Alegre, que jogou para a
beira da estrada. Ali nós poderíamos ter feito um trabalho que, por um lado,
tratasse com mais carinho aquele patrimônio pelo qual o apreço do
porto-alegrense era muito caro e ainda o é, especialmente, por parte daqueles
que têm mais idade. Então, para nós foi triste vermos atirados na beira do
caminho aqueles bondes-gaiola ou outros que transportaram gerações de
porto-alegrenses dos bairros para o centro de Porto Alegre para estudar, para
trabalhar, para passear. Então, para nós é uma tristeza o que foi feito, hoje
vemos os bondes, um que outro por aí atirados e para aqueles que são antigos na
Carris, a dor certamente é muito mais profunda, porque além do apreço como
porto-alegrense ainda têm o seu apreço como funcionário. Essa Companhia, que
por um lado assegura o pão de muitas famílias, um grande número de famílias da
periferia de Porto alegre, por outro lado também é uma casa de educação e de
civismo. Isso também é um dado de extrema importância, de extrema significação,
é uma escola, é uma cultura que faz com que aquele cidadão, além do apreço pela
empresa, tenha também pelo seu município, pelo seu estado, pela sua Nação.
Isso, aqueles mais antigos da Carris nos afirmaram e nós constatamos. Figuras
como Henrique Quim que dirigiu aquela Empresa no seu nascedouro, são pessoas
que têm o carinho extraordinário pela Carris; que têm no sangue o apreço por
aquela Empresa e pela gente que constitui o seu corpo de funcionários e por ele
aprendemos a respeitar mais a Carris. Hoje, o Ver. Nelson Castan não pode estar
aqui conosco devido a problemas de ordem particular, mas ele também é uma
palavra viva e forte de enaltecimento. Isso temos que reconhecer, não podemos
medir a Carris por um ou outro acontecimento, por um ou outro fato, nem podemos
avaliar o valor de uma pessoa, de um administrador para aquela empresa por
causa de um evento qualquer que sem dúvida acontece e acontece todos os anos e
que devem ser consagrados e mantidos, é um tipo de exploração com o qual não
concordamos. Então, queremos, aqui, reforçar a palavra do PDT, do trabalhismo
de Porto Alegre para trazer o nosso abraço e a nossa homenagem à Companhia
Carris Porto-alegrense; a Companhia dos bondes puxados a burro, dos bondes
elétricos e dos atuais ônibus e que ela fique sempre mais marcada ainda na alma
porto-alegrense pelos bons serviços prestados. E, os bons serviços prestados
dela estão consagrados na voz do povo que reclama sempre que a Carris seja a
responsável pelas suas linhas. Então, meus parabéns à Empresa pelos 120 anos e
que ela tenha orgulho de si mesma, porque o porto-alegrense tem dela. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Falará pela Bancada do PDS o Ver. João
Dib, a quem a Presidência passa a palavra neste momento.
O SR. JOÃO DIB: Eminente Presidente Ver. Omar Ferri;
ilustre Presidente da Cia. Carris Porto-alegrense, Dra. Ruth D’Agostini.
Servidores da Cia. Carris, Srs. Vereadores. Gosto muito da Carris. E não basta
que eu diga que gosto da Carris. O meu passado há de afirmar que eu gosto da
Carris. Se a minha vida na Prefeitura iniciou no ano de 1952, efetivamente, a
minha vida pública começa no dia 1º de Setembro de 1956, quando assumi, na nova
Secretaria que se criava, a Secretaria de Transportes, assumi a Diretoria de
Planejamento e Fiscalização do Transporte Coletivo que, depois, com a
reestruturação, eu passei a ser o assistente técnico da Secretaria Municipal
dos Transportes. Ao longo de todo o tempo, acompanhei toda a história da Carris
dentro da Carris. Participei da maioria das Assembléias que os transviários
faziam lá na Venâncio Aires. E eu que representava o opositor a eles, quando lá
chegava, recebia água mineral, cafezinho, me davam a palavra. Eu acertava uma
série de medidas para que os servidores do povo de Porto Alegre não fossem
prejudicados. Portanto está claro, está tranqüilo o meu posicionamento em
relação à Carris que quero que continue crescendo. Mas disse bem o Ver. João
Motta: a Carris não é do Partido “A”, não é do Partido “B”, também não é do
Partido “D”, vou acrescentar.
E
o livro 120 anos da Carris foi escrito pelo Partido “D”. Claro que é um homem
que ama esta Cidade e que entrou na vida pública, exatamente, por causa do
transporte coletivo; transporte coletivo urbano de 1956 tinha 5 ou 6 centenas
de proprietários de ônibus e microônibus caindo aos pedaços. Há muitas medidas
tomadas, nesta Cidade, no transporte coletivo que ninguém sabe porque foram
tomadas, porque de madrugada, num fim de linha, o engenheiro João Dib chegava à
conclusão que tinha que ser feito, ninguém nunca discutiu, porque
responsabilidade é coisa que já não se assume neste País, e já não se assumia
muito naquele tempo.
Então,
era mais fácil. Se havia um louco que acompanhava todos os acontecimentos
deixasse que ele fizesse; ele deveria saber o que estava fazendo, então algumas
resoluções, algumas coisas, porque tem 403 lotações; por que que de repente os
carros com mais de 10 anos foram excluídos da frota? Uma série de coisas não
estão esclarecidas nem registradas. Mas, havia um homem que acompanhava no
dia-a-dia todas as coisas. Por isto que estou falando, não estou pretendendo me
auto-elogiar; este livro mostra o ângulo do PT. Eu acho injusto. Eu vejo aqui
coisas, por exemplo, quando se fala na administração João Antonio Dib, parece
que pedem desculpas, porque na greve geral iniciada em 22 de julho, entretanto,
a Carris não participou da paralisação dos serviços dos ônibus; a administração
da Carris determina o envio de 10 veículos para atendimento da população de
Viamão devido à paralisação dos serviços. Esta ordem foi tomada, diretamente,
pelo Prefeito João Antonio Dib que lá estava, e não está pedindo desculpas e
não pretende que se oriente a matéria desta maneira. Quer uma colocação
respeitável e respeitada, porque inclui a mim e porque também terminei a greve,
que era uma greve política e eu disse não à assembléia dos transviários. Mas
vocês têm razão. Da outra vez eu disse: se vocês fizerem greve, vão perder.
Também
está registrado aqui que no dia 26 de junho de 71 houve uma greve. Não. Não
aconteceu. Foi no dia 21 de julho e terminou no dia 1º de agosto, quando
mostramos para os transviários, que eram extremamente inteligentes, que não
adiantava eles fazerem a greve; o serviço estava mal, não havia receita para
pagar os salários deles. Uma coisa registro na minha vida pública: o amor que
vi no dia 1º de agosto de 1971, quando os transviários em greve achavam que
manteriam a greve. E eu dizia aos transviários, com quem eu parlamentava com
toda franqueza, com todo respeito, com toda verdade no dia 1º de agosto, isso e
terminou a greve: vou trazer ônibus de fora de Porto Alegre e vou terminar com
tudo isso. Vocês estão errados. Olhavam para mim e riam. Me tirem a greve da
Praça XV para que eu possa melhor disciplinar o meu serviço.
No
dia 1º de agosto, apenas cinco ônibus foram conseguidos para que se fizesse a
substituição de todos os bondes. Não tinha condições com cinco ônibus só. Mas
nada substituiria o amor daqueles homens pelo seus bondes. Determinei que os
ônibus entrassem no abrigo da Praça XV e terminou a greve. Disseram: “Não,
aqui, não. Este local é nosso, é dos nossos bondes, é da Carris!” Como alguém
que ama a sua empresa, fazendo valer o seu trabalho.
Não
concordo, também, com a restrição. Sou obrigado a dizer que tenho na minha
memória todos esses fatos. Os troleybus não foram instalados em 64 – O
Presidente chega a estar com sono de tanto que eu falo – mas não foi em 64; foi
em 63, quando Loureiro da Silva era Prefeito e João Dib Secretário Municipal
dos Transportes. Não extingui-se o serviço de troleybus em 1969, foi muito
antes. E realmente está bem colocado aqui porque as estruturas dos troleybus
não eram adequadas para a cidade, foram mal construídas e foram vendidas para
um município de São Paulo, Araraquara. Está absolutamente correta, agora, as datas
não estão corretas, parece que desejam excluir alguma coisa, não sei. Portanto,
são 120 anos sem dúvida de muito trabalho, de muita incompreensão, e ainda devo
dizer que quando fala da Administração João Dib, relata que a Carris
apresentava déficit, em fevereiro de 84, de 50 milhões de cruzeiros, dos quais
20 milhões são resultados do repasse que a Carris efetua do Copa, dá impressão
assim que a Administração não sabia o que fazer. Não, o Copa foi criado com a
participação da Carris numa tarifa social, hoje o PT e a ATP fazem propaganda,
dizendo que se anda 60 quilômetros ou mais, eles estão equivocados, o Cantagalo
vai mais do que isto, 60 quilômetros, o Cantagalo, ou 30 quilômetros da
Restinga pela mesma tarifa na Independência, mas exatamente só ocorre isto
porque a Carris que recebeu a mais tem que passar para o outro. Não foi justo,
justiça não tem que se preocupar por ter sido feita, portanto, eu não tenho
nada para me desculpar aqui, não concordo com o posicionamento, porque não está
bem historiando a trajetória luminosa dos 120 anos da Carris que aconteceram
antes do PT, e que nós do PDS, hoje, formulamos votos que ela continue
crescendo, porque a Carris é do Povo de Porto Alegre, e não fui eu que escrevi
esta frase, foi o Prefeito Alceu Collares mas, se escreveu bem, use-se, se
escreveu mal, discuta-se, e é o que estou fazendo nesse momento, mas isto não
impede que eu queira do fundo do meu coração, com a sinceridade e a
tranqüilidade que me caracteriza dizer que a minha Bancada, o PDS, deseja o sucesso,
porque aqui é um empresa do povo, do Poder Público, eu também sou acionista da
Carris, tenho quinhentas ações, mas a Prefeitura de Porto Alegre é quem arca
com tudo, tanto que deu algumas contribuições valiosíssimas no ano passado para
a continuidade de serviços da Carris, como eu também Prefeito João Antonio Dib,
em 85, dei três milhões e meio em janeiro e mais dois e meio logo em seguida
para pagar o óleo diesel, porque a Prefeitura tinha que socorrer a Carris, mas
a Carris era do povo. Espero que continue sendo do povo, mas do povo de forma
indiscriminada. E que ela continue prestando excelentes serviços. E realmente
presta excelente serviço, porque aquele amor que tinham os transviários veio se
passando. E falando em transviários, aqui uma queixa contra a Prefeitura,
contra a Administração, que não era do PT, por ter levado para a Prefeitura e
pagar servidores que estavam lá na Carris. Mas de qualquer forma a história um
dia poderá ser rescrita. Agora, o que não poderá ser retirado, é o amor que os
servidores da Carris têm pela sua empresa. E espero que se mantenha e, até se
possível, cresça mais ainda para que Porto Alegre ganhe muito mais. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Fala pela Bancada do PPS, o Ver. Lauro
Hagemann, a quem a Presidência passa a palavra nesse momento.
O SR. LAURO HAGEMANN: Ver. Omar Ferri, Presidindo a Sessão,
Prezada Companheira Dra. Ruth D’Agostini, Diretora-Presidente da Carris, Srs.
Vereadores, Funcionários da Carris.
Quando
se fala em Carris, e principalmente quando me cabe falar em Carris, na Cia.
Carris, eu tenho muito respeito, muito orgulho e muito cuidado, porque a Carris
nos seus 120 anos, ela abarca mais da metade da vida desta Cidade, e isto tem
um significado muito profundo para Porto Alegre. A Carris é o símbolo do
transporte coletivo desta Cidade. Criada ainda no tempo do Império atravessou
todo este século prestando serviço para a coletividade. E quando se fala em
Carris não é uma entidade abstrata. É uma entidade que se materializa a cada
instante, a cada momento, através do seu corpo funcional.
Desde
os tempos do bonde puxado a burro, desde o tempo do bonde elétrico, passando
pelo troleybus, e hoje com os ônibus, a Carris é aquela empresa que vem,
diuturnamente, servindo aos interesses da população, no seu aspecto mais
essencial, na garantia do direito constitucional de ir e vir, que é inerente ao
homem, é o seu transporte, é para o exercício de uma atividade laboral que vai
engrandecer a Cidade e que vai movimentar a roda do progresso, a roda da
economia.
Se
não fosse o transporte os homens não poderiam se deslocar dos seus locais de
residência, de parada, de pernoite para os seus locais de trabalho. E dos seus
locais de trabalho para os locais de lazer.
O
transporte coletivo é fundamental para a vida de uma cidade. A tal ponto que a
Constituição, desde 46, obriga o Município a fornecer o transporte coletivo
para a Cidade, de forma direta ou delegada. No caso da Carris este transporte
vem sendo de um tempo para cá fornecido pelo Poder Público. A Carris é uma
empresa que, na sua história sofreu altos e baixos. Houve época, e eu já estava
nesta Casa, em que nós recebíamos mensagens do Executivo dizendo que a Carris
era uma empresa subsidiária do transporte coletivo da Cidade. Ela não deveria
ser subsidiária. A Carris deve ser a
empresa norteadora do sistema de transporte coletivo da Cidade.
É
isto que estamos pretendendo, que ela seja exatamente isto. E aí entram as
figuras do Ver. João Dib, Nelson Castan e a Dra. Ruth D’Agostini e de outros
administradores, e a Dra. Ruth, que vem tentando transformar esta empresa na
empresa que seja o norte do transporte coletivo da Cidade.
O
livro “120 Anos da Carris”, eu conheço as suas autoras, ele foi escrito num
tempo relativamente curto, é passível como qualquer levantamento histórico
principalmente de 120 anos, de equívocos, de visões diferenciadas, mas ele é um
aporte precioso na reconstituição da história desta empresa. E quando, por
exemplo, o Ver. Dib dizia no seu discurso que tinha uma relação muito fraterna,
muito direta com os transviários da sua época, eu não posso deixar de ressaltar
aqui que a Companhia Carris, o Sindicato dos Carris Urbanos, desde o início da
sua história, foi grandemente influenciado por comunistas e esta é a palavra exata
e correta que se deve aplicar, e os companheiros comunistas tinham a visão que
o Ver. Dib relatou desta tribuna, a seriedade com que eles encaravam os
assuntos públicos desta Cidade, no âmbito do transporte coletivo, muitas greves
foram evitadas, porque sabiamente avaliadas como perniciosas, à categoria e
perniciosas à Cidade e isso não quer dizer que os comunistas fossem insensíveis
ou tivessem traindo a sua categoria ou a sua Cidade.
Por
isso companheiros, quando a Carris comemora 120 anos e faz a festa que fez no
último sábado muita gente pode ter achado estranho que se tenha socorrido de
recursos dos fornecedores para promover aquele congraçamento. Congraçamento que
vem de longa data, não foi inventado agora, a transparência está aí nos
documentos, nos recibos dados. Pode ser que a época não seja a mais adequada
para esse tipo de festejo mas é uma tradição que se procurou cumprir. Se houve
algum equívoco, algum erro, se algum deslize foi cometido, sempre haverá tempo
de reparo. Mas o essencial é que a família da Carris pode se reunir e comemorar
os 120 anos da Empresa. A Carris que sempre esteve associada aos melhores
momentos da vida desta Cidade. Foram os transviários que em 1961 saíram às ruas
organizados nos batalhões transviários para defender a Constituição. Foram os
transviários que em 1964 se insurgiram contra o golpe, e muitos deles sofreram
pesadas penas.
Então
a Carris não é uma empresa qualquer ela está intimamente vinculada à Cidade de
Porto Alegre. E tomara que nós possamos festejar os seus 200, os seus 300 anos
com o mesmo ânimo com que chegamos aos 120 anos. Muito obrigado. (palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Gert Schinke que
falará em nome do Partido Verde.
O SR. GERT SCHINKE: Sr. Presidente, Sra. Diretora-Presidente
da Carris, Sra. Ruth D’Agostini; Companheiros e Companheiras da Carris,
Companheiros Vereadores é uma honra para mim, aqui, representando o Partido
Verde dirigir essas poucas palavras aos companheiros aqui presentes nesta justa
homenagem que faz a Câmara de Vereadores aos 120 anos da Carris. Como bem
lembrou o Companheiro Lauro Hagemann que me antecedeu a história desses 120
anos da Carris se confunde indubitavelmente com a história dessa Cidade. Se
confunde com as lutas políticas que aconteceram nessa Cidade; se confunde com a
tradição das lutas sindicais, das lutas pelas melhorias salariais dos
trabalhadores por melhor qualidade de vida, por melhores salários onde a
Carris, sem dúvida nenhuma, era um dos pilares dessas lutas, aqui, no que diz
respeito as lutas da própria categoria e as lutas gerais. Eu ainda bem me
lembro quando a gente trabalhava, faz muitos anos, se trabalhava a história das
greves, a greve geral. Sempre me vem à tona a idéia de que era fundamental o
papel desencadeado pela Carris na paralisação dos ônibus da Cidade de Porto
alegre e assim o foi. Foi, sem dúvida, sempre fundamental a participação dos
trabalhadores da Carris não só nas suas lutas de categoria como também nas
lutas mais gerais dos trabalhadores nessa Cidade, nesse País. Portanto aí tem a
Carris uma referência na nossa Cidade. Uma Companhia que de tantas idas e
vindas passou também por um processo traumático imposto pelo rodoviarísmo. O
abandono ao equipamento dos bondes significou um impacto sem dúvida fantástico
para uma Companhia que tinha nesse tipo de equipamento, nessa tecnologia todo o
seu “modus operandi”, todo o seu esquema de funcionamento e que de uma hora
para outra mudou esse sistema baseado no petróleo, no ônibus movido a diesel.
Hoje completamente dependente do esquema, multifuncional que domina não só esse
País mas todo o mundo, responsável por guerras no Golfo Pérsico. Eu realmente
ainda sonho, sonho com a possibilidade de ver um dia nesta Cidade através de
sua Companhia, que é de propriedade do povo, a volta do bonde, um bonde com uma
tecnologia de ponta, trólei com a tecnologia impulsionada pela eletricidade.
Talvez os ônibus rodando a gás natural, que não polui, como o óleo diesel
costuma poluir, e que hoje é uma tragédia nas grandes cidades brasileiras.
Sonho ainda com esta possibilidade. Talvez na minha curta vida não assista a
isso. Acredito que sim, acredito que a imposição da realidade está forçando. As
companhias de transporte público, hoje, já se adequaram aos novos ares deste tempo,
que exigem mais eficiência, que exigem critérios de qualidade ambiental e que
eu tenho certeza de que esta direção no comando da Carris tem em mente. Tem em
mente porque tem firmado projetos em cima de modernos conceitos empresariais e
uma moderna gestão empresarial, que tem como base a eficiência da companhia e
não o desperdício. Que tem como base a lisura no trato da coisa pública, a
transparência. E neste sentido eu quero dizer desta tribuna que tem a direção
da Cia. Carris a minha total solidariedade quanto aos métodos, ao procedimento
que teve na realização desta justa homenagem que fez no sábado passado a todos
os seus funcionários e convidados. Porque mostrou, sim, a lisura no trato da
coisa pública, a transparência que tem que ser feita, ao contrário do que se
fazia no passado. Ao contrário do que se fazia no passado, valores eram doados
e não se sabe como eram doados e como apareciam dentro da companhia. Portanto
está mais que correto que a direção oficializasse este pedido de ajuda na
homenagem que foi feita. Também quero deixar aqui a minha homenagem a esta obra
que só vem engrandecer o Município de Porto Alegre, a Administração, e
principalmente a Cia. Carris que também homenageia os 120 anos da Carris. Eu
pessoalmente já tive oportunidade de passar os olhos neste pequeno livro há
pouco citado por vários Vereadores desta tribuna. Quero com isso, então,
encerrar neste breve pronunciamento deixando aqui do fundo do coração, em nome
do Partido Verde, a nossa sincera homenagem aos 120 anos da Cia. Carris, à sua
direção e aos seus funcionários. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, a Sra. Diretora-Presidente
da Companhia Carris Porto-alegrense, Dra. Ruth D’Agostini.
A SRA. RUTH D’AGOSTINI: É com imensa honra que representando a
Companhia Carris e em nome de seus funcionários, recebemos a homenagem que essa
respeitável Casa presta à Empresa na passagem de seu aniversário.
A
Carris completa 120 anos de prestação de serviços à comunidade porto-alegrense,
de forma ininterrupta.
Por
isso mesmo, não é exagero afirmar que a história da Companhia Carris se
confunde com a própria história da Cidade. No princípio foram os bondes de
tração animal, transportando os moradores dos primeiros bairros de Porto
Alegre. Mas, já em 1909, devido às características geográficas da cidade, a
tração animal é substituída pela elétrica e a Companhia além de transportar os
porto-alegrenses também passa a fornecer luz elétrica para a cidade. Tais
serviços prestados pela Empresa facilitaram a formação de novos bairros e o
incremento das atividades comerciais e produtivas.
Sua
história demonstra que não fora, poucas as crises e obstáculos pelos quais a
empresa passou, superando graças à coragem e dedicação de seus funcionários e
da população porto-alegrense e, cabe aqui lembrar como exemplo dessa coragem, o
ano de 1953, quando população e trabalhadores tiveram papel decisivo para a
Companhia, então de propriedade norte-americana, passasse às mãos da Prefeitura
Municipal e, portanto, do povo de Porto Alegre.
Em
1970, noventa e oito anos após a fundação da Carris, o bonde deixou saudades ao
circular nas ruas pela última vez. A Carris cumpria uma tapa de sua história,
passando a operar apenas com ônibus movido a óleo diesel.
Hoje
a Companhia conta com 255 destes veículos, transportando 270 mil
passageiros/dia através de suas 20 linhas. Seus 1700 funcionários procuram cada
vez mais servir os usuários com um serviço eficiente e de qualidade.
Aliás,
qualidade tem sido em nosso mandato um conceito estratégico e, para obtê-la
estamos reestruturando todo o modelo de gerenciamento da Empresa. A partir de
uma nova concepção, baseada na teoria da qualidade por toda a Empresa. Uma
experiência inédita na história do transporte, e que tem possibilitado não só
resultados nunca antes alcançados no desempenho operacional da Empresa, como
também um ambiente de trabalho mais democrático e criativo bem como a
quantificação precisa dos insumos utilizados na prestação de nossos serviços.
Pois,
por ser pública, entendemos que não basta prestar um bom serviço de transporte
à população. É necessário mais, é necessário que a Carris seja definitivamente
um parâmetro do sistema, com talento para munir o Poder Público com dados e
experiência capazes de concretizar a vontade do Governo da Administração
Popular que é de oferecer à população de Porto alegre um serviço confiável e
qualificado.
A
Cidade e a Carris comemoram este aniversário com o retorno do bonde e o resgate
de sua história, através de um livro que o Senhores já devem ter recebido como
recordação dessa data, além da tradicional festa que nos últimos 14 anos os
funcionários da Companhia realizam.
O
bonde retorna como um monumento a todos nós, guarda em si lembranças de
momentos alegres e tristes, partilhados ao sabor do seu balanço. Para a Carris,
o bonde é também um monumento do seu passado, materializa as experiências
acumuladas pela Empresa no transporte de passageiros.
E
essa experiência do passado, somada a sua capacidade de modernização me permite
afirmar com segurança que muitas outras centenas de anos virão e esta Empresa
Pública saberá enfrentá-los com sabedoria e coragem, apoiada em seu passado mas
sempre com os olhos voltados para o futuro, para bem atender o cidadão
porto-alegrense.
Nobres
Vereadores, a homenagem que esta Casa presta muito nos honra e penso falar em
nome de todos os funcionários da Empresa ao agradecê-los. Ela engrandece
profundamente os 120 anos que comemoramos.
Mas
não poderia encerrar sem antes responder as acusações feitas desta tribuna pelo
líder do PL, do fato de termos solicitado contribuição de 26, e não de 100, de
nossos principais fornecedores para custearmos as despesas da tradicional festa
da Carris e da edição do livro que resgata a sua história.
Preocupados
estaríamos se tivéssemos utilizado recursos públicos, ou seja, recursos
oriundos dos nossos usuários, para custear tais atividades, como ocorreu na
gestão 84/85. Os fornecedores atenderam com prazer o nosso pedido, por se
tratar de uma Empresa séria que tem honrado seus compromissos e que mantém um
relacionamento transparente e sincero com os mesmos. Aliás, em parceria com a
iniciativa privada foi que concluímos o Ginásio Tesourinha e parte da Usina do
Gasômetro.
Preocupados
estaríamos se recebêssemos tais doações sem registrá-las na Contabilidade da
Empresa. Nosso pedido de doação foi feito por escrito e com recibo passado,
cujas cópias, Senhor Presidente, vos entregarei juntamente com documentos
semelhantes da gestão 86/88, para que não pairem dúvidas sobre o fato.
Honestidade,
tem sido no Governo da Frente Popular, não uma bandeira para discursos, mas uma
característica de nosso modo de fazer política, porque não admitimos que o
patrimônio público seja tratado como propriedade particular deste ou daquele
indivíduo, porque queremos resgatar o conceito de cidadania neste País e porque
queremos a construção de um Brasil sério e comprometido com as classe
populares.
A
Carris completa seus 120 anos na condição de empresa pública. Atribuo as
ilações levianas destes representantes do liberalismo ao fato de que não podem
admitir que uma empresa pública chegue aos 120 anos prestando excelentes
serviços à comunidade porto-alegrense, o que põe por terra a tese de que,
simplesmente, o que é privado é melhor, como querem fazer crer estes arautos da
ideologia neo-liberal que juntamente com o Governo Collor estão sucateando este
País e fazendo da corrupção a sua marca política.
Aliás,
do ponto de vista ético, quem assume uma ideologia deveria assumir, também, a
responsabilidade de todos os atos provenientes desta ideologia.
Desculpe-me
os demais Vereadores, mas não poderia deixar passar sem repostas tais
acusações.
Tenho
a certeza de que Vossas Senhorias estão empenhados em manter, de forma séria e
correta, o bom nome desta Casa.
Só
posso agradecer, sinceramente, pela homenagem que prestam à Companhia Carris e
seus funcionários. Muito obrigada!
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: A Câmara de Vereadores, nesta data
festiva do dia de hoje em que os Vereadores acabam de registrar esta efeméride
dos 120 anos de aniversário de uma empresa que representa a luta do povo, a
luta popular, que representa uma ideologia própria, não poderia, através da sua
Presidência, encerrar a Sessão sem levar o abraço da Casa e dos Vereadores, a
todos os funcionários da Carris que aqui estão presentes, a sua
Diretora-Presidente e às demais autoridades aqui presentes.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Eu fui cuidadoso nas palavras que usei no
meu pronunciamento, mas com oportunidade vou responder parte do que foi dito no
pronunciamento da Sra. Presidente da Cia. Carris.
O SR. PRESIDENTE (Omar Ferri): De qualquer maneira Ver. Dib, fica
registrado o aparte de V. Exª.
Mas
essa, no entendimento deste Presidente provisório, foi uma solenidade que teve
por objetivo homenagear uma empresa pública. E não se pode compreender de outra
forma, não se pode entender fora desses parâmetros.
Só
quero fazer uma crítica: aquele churrasco, porque não fui convidado; foi uma
pena. (Palmas.)
Agradeço
à Dra. Ruth pela sua presença e de todos os demais.
(Levanta-se
a Sessão às 15h23min.)
* * * * *